sábado, 2 de maio de 2009

A morte de Boal

Estou chocada com a morte de Augusto Boal, que nem chegou aos oitenta, embora estivesse muito perto. Quando eu fazia teatro em Campinas, ganhei num aniversário, da minha amiga Vera Mancini (Veral) -- que hoje é atriz conceituada aqui em Sampa (estou em dívida com ela, vê-la nos espetáculos!) -- um livro de Boal sobre o teatro do oprimido. Chama-se (fui ver na estante, pois carrego comigo tudo ou, quase tudo o que fez parte da minha infância, adolescência e juventude) " Teatro do Oprimido e outras poéticas políticas". Infelizmente este livro estava na leva dos que receberam uma boa dose de óleo de cozinha quando me mudei, estabanadamente, de uma casa para outra na década de oitenta. Não faz mal, é só na parte debaixo... de resto, está inteirinho.

Enfim, estou chocada porque ele foi um ícone para quem se interessava por teatro naquela época, teórica ou praticamente. Eu comecei cedo no teatro, aos dez anos, depois fiquei sete anos sem ter muito contato e voltei a trabalhar em teatro amador e, depois, profissionalmente com uma peça, a tragédia grega que inaugurou o teatro de arena de Campinas. Foram anos muito férteis e muito duros, por causa da ditadura militar. Boal teve que sair do Brasil, exilado. Quando voltou, eu já morava em Sampa e fui num evento no teatro Oficina, comandado por Zé Celso -- foi uma noite linda, com velas e trechos de trabalhos de Boal no exterior, se não me engano, em Portugal, principalmente. Nesse evento, houve a derrubada do muro do teatro, para que ele se tornasse o enorme galpão que é hoje.

Não sei como andava Boal, sua carreira; há muito tempo não me interesso como deveria pelo teatro, priorizando o cinema, a literatura, a música e as artes plásticas. Mas adoro teatro, acho uma arte magnífica, pois não prescinde da presença das pessoas, na platéia, para existir, o que é muito caloroso, gratificante, humano. Principalmente nesse mundo virtual de hoje.
Que esteja bem, Boal, esteja onde estiver. Notadamente por ter sido um resistente, na ditadura militar, sempre teve o meu apreço.

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